#Mini Pantanal Paulista: a primeira vez a gente nunca esquece

   4:50h (a.m) o celular desperta e com os olhos ainda grudados de sono e o céu escuro despertamos rapidinho porque o dia promete. 
     E assim começa o sábado do dia 14 de abril. Escova os dentes, lava o rosto, arruma a cama, prepara a vitamina, carrega o carro, chapéu na cabeça, um abraço de bom dia e bora pegar a estrada. Ops! Volta, abre o portão: "a vara, cadê?" kkkkkkkkk esquecemos o principal! 


     Já são 6:00h (a.m) e o "senhorio" do barco nos aguarda na charmosa Vila dos Pescadores no bairro do Tanquã, distrito da cidade de Piracicaba, interior do Estado de São Paulo.
     Quase chegando avistamos o rio que de longe mostra suas curvas, o ar é frio, o sol nascendo tímido, mas mostrando que vai ser poderoso. 



    Quem imaginaria que em poucos 50 quilômetros é possível ter um pedacinho do Pantanal? Repleto de uma fauna e flora rica, o Mini Pantanal Paulista é um prato cheio para quem adora paz e natureza. A Vila é formada por casas modestas e com muita história para contar. Na garagem as 4 rodas dão lugar à remos e barcos motorizados, ou não. Na janela um olhar desconfiado, na porta um aceno de bem-vindo. O pescador se chama Carlinhos, ele nos cedeu ($) um dos seus possantes nomeado de Fontoura para nos aventurarmos rio abaixo. E assim foi: às 7:20h (a.m) estávamos com os remos nas mãos alisando a água que brilhava como prata. 


      "Rema", essa era a voz que eu ouvia do meu marido. Minha primeira vez em um barco. Minha primeira vez remando. Minha primeira vez pescando em um rio. Minha primeira vez em um Pantanal. De longe, a experiência mais incrível que vivi até hoje. 
     Mesmo com sol, o vento era gelado e o balanço inevitável. Avistamos a primeira encosta e lá atracamos o barco para iniciar os preparos. Pergunto ao meu marido com qual iscas começaríamos, pois o menu era grande: queijo provolone, mortadela, salsicha, minhoca, milho azedo e pão. Não tive nenhuma resposta naquele momento, mas era compreensível: ele estava concentrado preparando o dia para sua esposa. Para ele felicidade pura em ter sua esposa ao seu lado fazendo um dos seus programas favoritos. 



     Começamos: silêncio e frio. Nada. Lançamos denovo e nada. Pacientes, naquele silêncio a vontade era se aconchegar no barco e aproveitar para tirar uma soneca. Mas não podíamos, temos uma meta: pescar! 
     Depois de algumas horas, decidimos ir mais para longe e arriscar cortar o rio até o outro lado da margem que parecia estar melhor. A correnteza nos forçava na direção contrária, mas os braços eram mais fortes e continuávamos remando. Foi aí que a aventura começou: um barco motorizado em nossa direção decidiu parar e se apresentar: 

- Vocês querem pescar o que?
E só conseguimos responder: 
- Qualquer peixe, queremos é pescar!
E a risada rolou solta. 



     Uma corda firme nos fixou e assim ele nos puxou até o núcleo de tudo. Eita como é bão ser puxado...sorriso no rosto e câmera na mão. Sol raiando, água limpa...e de repente ouço meu marido gritando - "olha pra frente, pra frente" e quando viro as lágrimas caem tão naturalmente que embaçam minha visão: era a cena mais linda da minha vida. Uma revoada decide levantar vôo de uma vez só como se fosse algo ensaiado por eles. Eu inexperiente de tudo, menina da cidade ficou maravilhada com o cenário que só vi em Globo Repórter.  Maravilha de Deus! Chorei como criança e agradeci a ele (meu marido) por me proporcionar aquele momento (e muitos outros que já proporcionou).


    Paramos e eles nos desejaram sorte. Pronto, agora vai. Perseverantes, atracamos novamente em uma encosta. Começou a melhorar, mas meu pescador mato-grossense não estava tranquilo e queria ir para um outro canto que ele achava que ia dar pesca. Em alguns metros paramos e ali ficamos até o final do nosso dia. 
     Pode ser sorte de principiante, mas peguei meu primeiro peixe: um lambari de 10cm. Alegria e felicidade tomavam conta de mim, não era nada para um pescador, mas para uma calça branca (termo usado para iniciantes da pesca) como eu "oshe tá ótimo". 


     O dia rendeu boas risadas e 7 lambaris. Destes, 6 viraram nosso jantar: arroz, cebola, queijo provolone (tivemos que usar, já que os peixes não quiseram) e lambaris fritos. Um bom prato para uma maratona de 12 horas de pescaria. 





     Meu marido decepcionado estava, mas eu o enchi de orgulho enfrentando as minhocas (no começo da manhã estava com medo) e interagindo com a natureza. 
      Cozinhar ali no barco, no pôr-do-sol rosado só afirmava que aquele dia foi perfeito e o dia certo para a pesca. 





     Era hora de voltar, o sol já tinha se deitado e o céu escurecido, começamos a remar de volta para a Vila e novamente ouço "rema amorzinho" rs....e meus bícepes já não aguentavam. Uma ajuda chegou e novamente motorizados fomos levados de volta à cidade com o sambura cheio, não de peixe, mas de história boa pra contar. 



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

#Cachoeira São José: um paraíso camuflado

#Morro do Facão: uma nova dimensão